Creio no
pirão de gonguito com banana bacubita.
Na roça de
feijão guandu, na cepa de mandioca
de sete ramas,
no doce da cana caiana,
no limão em
puxa-puxa.
Creio no
café de garapa, na cavala salpresa.
No cará com
melado, no desbulhar do milho,
no manuê de
bacia e no cardo de caranha.
Creio no
poder das ervas:
No chá de
boldo amargoso no gorgomilo, no chá de losna,
no banhado
de arnica e na santa Maria socada
com sal
grosso e cânfo.
Creio na
canoa de voga, no cerco na espia,
no espinhel
preso à pôita, na rede de minjuada no lagamar.
Creio no
remo de guacá, no samburá de imbé,
no náilon
0.40, na faca amolada em pedra de cachoeira.
Creio na
tribuzana, nos primeiros ventos do sudunga,
nas gaivotas
sobre as traineiras.
Nas modas de
viola, rabeca e sanfona.
No mergulho
da tesoureira.
Creio na
rede tingida em casca de jacatirão e aroeira.
Na tainha
com barriga de ova, no jirau de taquara,
no varal pra
secar o peixe escalado, no caniço de bambu japonês.
Creio na voz
do Brasil, na cabeça de maré,
no barro pro
estuque e no covo.
No gemido do
gaturamo e na malhação do Judas.
Creio no
óleo de babosa, nas cantigas de roda,
nos
barquinhos de cacheta e cajuja.
No olho
dágua, no cachorro paqueiro.
Creio na
chinela de dedo, na galinha botadeira.
Creio no furo
do busano, no forneio de farinha,
No
pargueiro, no calafeto de betume, nas lulas no zangarêio.
Creio na
foice Tremontina, no bodoque de goiabeira,
No
trabissero de marcela.
Creio no
borrachudo, na lagosta pitu,
No guaiá, no
marisco sururu.
Creio na corosena
do fifó, na gadanha e na enxó.
No azulado
do perau, no clareio depois do fuzilo.
Creio em
Deus pai,
Creio em
Deus filho.
E no
Espírito Santo tumém.
Caiçara com muito orgulho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário