quarta-feira, 31 de maio de 2023

Vultos Ilustres de Paraty

 Marechal Manoel Eufrásio dos Santos Dias, natural de Paraty, nascido em 8 de junho de 1840, filho de Pedro José dos Santos Dias e Francisca Maria do Amaral Cruz, também naturais de Paraty.

Desde jovem teve gosto pela função militar e sem perder tempo iniciou como praça em 22 de fevereiro de 1860, aos 19 anos, ingressando no 1° Batalhão de Artilharia a pé. Quatro anos depois tinha início a Guerra do Paraguai: em 1864 Santos Dias esteve nos combates em Itororó em Avaí, foi um dos condecorados heróis de guerra e fez frente à vitória de armas do Brasil até o rendimento final do inimigo.

Ao fim da Guerra e de volta ao Brasil, casou-se com Carolina Eulália de França Dias em 31 de outubro de 1871, na então construída Igreja de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty. Agora como major, assumiu o comando do 25° Batalhão de Infantaria em Florianópolis.

Com a Proclamação da República em 1889, Santos Dias, com a patente de major, foi requisitado para abafar os protestos contra o governo que se instalava três dias após a proclamação. Chefiou também uma expedição contra os rebeldes chefiados por Aparício Saraiva da Vila do Rio Negro; irmão do caudilho Gumercindo, dessa vez já como Coronel.

Santos Dias teve 5 filhos: João Batista dos Santos Dias, Francisca Eulália dos Santos Dias, Pedro Luiz dos Santos Dias, João Lycio dos Santos Dias e Oswaldo dos Santos Dias. Veio a falecer em 2 de outubro de 1915, com 75 anos de idade.

Em toda sua vida foi cercado de respeito e honras, sendo agraciado com: Medalha pelos serviços prestados na Campanha do Uruguai, Medalha Mérito Militar, Medalha Geral da Campanha do Paraguai, Cavaleiro da Ordem de São Bento, Cavalheiro da Ordem da Rosa, Oficial da Ordem de Aviz, Medalha de Ouro de Mérito Militar por contar mais de 30 anos de serviços prestados ao Exército.

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Maria Angélica Ribeiro - Dramaturga Paratiense do Século XIX


Maria Angélica de Souza Rego, filha de Maria Leopoldina de Souza Rego e Marcelino de Souza Rego, nascida em Paraty, em cinco (5) de dezembro de 1829, conhecida como “Maria Angélica Ribeiro”. Casou aos 14 anos de idade, com o seu professor de desenho, João Caetano Ribeiro, ao contrário de sua esposa se tornou um ator muito conhecido e importante figura no teatro brasileiro do século XIX. Maria Angélica Ribeiro, aos 25 anos, mãe de três filhos, duas meninas e um menino, com o falecimento de seu caçula, desencadeou estado de depressivo, motivo pelo qual, se debruçou na escrita e sua produção foi bastante proveitosa, veio a falecer aos 50 anos de idade, em 09 de abril de 1880, na cidade do Rio de Janeiro.

Maria Angélica Ribeiro foi a primeira mulher a ter um texto representado no teatro brasileiro, começou a escrever com 12 anos, foi dramaturga, tradutora de peças teatrais, feminista e abolicionista. Escreveu cerca de 20 peças para o teatro, entre elas a “Cancros Sociais”, encenado no Teatro Ginásio Dramático em 1865, a peça apresenta forte posicionamento abolicionista e crítico à aristocracia brasileira, e que foi amplamente aclamada pela crítica teatral da época, entre elas, um comentário, do grande escritor machado de Assis: “O nome da Sra. Maria Angélica Ribeiro não é desconhecido do público. (...) O novo drama é ainda um protesto contra a escravidão. Resta-nos aplaudir do íntimo da alma a nova obra da autora de “Gabriela”, cujo alento está recebendo do público legítimos sufrágios”.

Maria Angélica Ribeiro foi uma escritora com muita regularidade, produzindo textos para o teatro e também traduziu peças teatrais, mais sua atividade literária era o que mantinha seu sustento. De classe aristocrática e branca lhe proporcionou um ambiente propício para sua escrita, ao contrario de tantas outras mulheres brasileiras do século XIX que não puderam exercer seu livre arbítrio.

Em sua obra mais famosa “Cancros Sociais”, publicada em 1866, deixou escrito no prefácio: “A escravidão é o câncer que solapa a base da emancipação”. Continuou escrevendo no referido prefácio: Sei que uma mulher, especialmente pobre, não pode elevar-se a certas regiões. O despeito de uns, a intolerância de outros, a injustiça de muitos, e, sobretudo, a calúnia sempre ávida de vitimar a fraqueza feminina, cedo ou tarde, com injúrias, lá a despenham dessas alturas, se porventura, pôde atingi-las (...) o que vem da lavra feminina, ou não presta, ou é trabalho de homem. E aí se encontra uma ideia injusta e desonesta. Com estas palavras Maria Angélica Ribeiro denuncia os preconceitos que estavam sujeitas as mulheres que tinham aspirações literárias.

Referência: Uma Dramaturga Singular no Brasil do Século XIX - Prof. Maria Stella Orsini.





terça-feira, 3 de agosto de 2021

Cine São Jorge, atual Cinema da Praça "Zé kleber"

Cinema São Jorge atual Cinema da Praça "Zé Kleber"
Lembranças que, apesar de só minhas, também trazem lembranças a tantos outros  paratienses do Cine São Jorge, hoje, cinema da Praça “Zé Kleber”, que funcionou de 1930 a 1973.

Minha melhor lembrança do cinema foi à fase em que o proprietário era o Sr. Pedro Stanisce, “Cinema do seu Pedro” como era conhecido, assim, como meus pais, meus tios, meus avós, lembro-me do cinema, com poltronas de madeira, que os moleques maldosamente, colocavam chicletes nos assentos, que quando os menos desavisados sentasse, ficava com fundilho da calça grudado, muitas vezes novinha, só usada em ocasiões especiais.

Assim, como os personagens dos filmes, o cinema resistia bravamente, “lutando” contra as modernidades que estavam invadindo nossa cidade. Mas, da mesma forma que alguns personagens dos filmes, o seu fim foi inevitável, parou suas projeções em 1973.

Do cinema, só ficaram as lembranças de uma infância que também não existe mais. As tardes de sábado e domingo, a espera dos rolos dos filmes que vinham de Guaratinguetá de ônibus, “que muitas vezes atrasava”, do cheirinho de pipoca, embora eu sempre preferisse os amendoins torrados e pinhões, vendidos pelos “Irmãos Monsuetos”, Jonão, Joninha, Josias, Jair, de igual modo, lembranças do Sr. Valdomiro, conhecido como “charuto” que além de excelente tocador de Tuba na Banda Santa Cecília, era ele, que passava os filmes, mas quando acontecia de um deles queimar, era preciso, aguardar a colagem das partes, e nesse momento a turma gritava o nome do “Charuto”. Acontecia também do filme começar pelo final, e lá ia a turma gritando o nome do Charuto, que algumas vezes não tinha culpa.

Antes de começar o filme, passava a vinheta da Condor filmes, que provocava uma histeria entre os jovens e alguns adultos, que em coro, no escurinho do cinema, a fazer: “xô, xô, xô”, como se estivesse espantando o Condor, confundido com “urubu” preparava para levantar voo, até ele voar e escrever “Condor Filmes Apresenta” coisas de geração de ouro. Sugiro que assistam ao filme Cine Paradiso, com certeza, vão se identificar com aquela época.

A Condor Filmes foi à vinheta de distribuidora brasileira que mais sucesso fez na história de nossa telona, ao lado do leão norte-americano da MGM.







quinta-feira, 19 de março de 2020

Canoa caiçara

A canoa, esculpida em troncos de madeira nativa, é um dos elementos fundamentais da identidade e do modo de vida caiçara.
Pode parecer estranho para os que vivem em centros urbanos, mas o uso da canoa como meio de transporte é algo que faz parte da rotina dos moradores da cidade de Paraty e seus arredores. "A canoa para os caiçaras é como o metrô para os trabalhadores dos grandes centros", compara Almir Tã, pescador e artista plástico, que destaca que a canoa caiçara é um bem cultural imaterial brasileiro. 
O termo caiçara, de origem tupi-guarani, era usado para denominar as estacas feitas de galhos de árvores que os índios fincavam na água para cercar os peixes. Com o tempo, a palavra passou a designar as comunidades do litoral dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Apesar de sua grande extensão, há elementos culturais e sociais comuns em todo o território caiçara. 
"Além de ser essencial para o transporte, sobretudo para quem mora em uma ilha, ela é o elemento de conexão mais perfeito entre o pescador e a pesca", diz Almir. 
Mestre Vitor, de Trindade, é um dos que preservam esses saberes e fazeres em Trindade: "Tenho muito carinho pelas canoas. Os amigos brincam comigo dizendo que qualquer dia desses eu vou levar a canoa para dormir na cama e a mulher para dormir na praia", ri o pescador, que diz que aprendeu a fazer canoa sozinho.



Ponte Branca - Minhas origens



José Possydônio -  meu avô - primeiro
operador da  usina
A  iluminação elétrica que chegava até Paraty vinha da Ponte Branca (Bairro localizado na estrada Paraty-Cunha),  era fornecida por  uma pequena usina hidrelétrica, onde hoje, o local ainda é conhecido por Usina ou Cachoeira da  Usina. Ali, em 1922, funcionava a Central de Luz que distribuía a iluminação para Paraty. Esse lugar onde existiu a usina foi uma fábrica de tecidos. Na época, Samuel Costa, então prefeito, aproveitou o local para instalar os geradores de energia elétrica, movido a água. E de lá vinha a posteação de  ferro margeando o rio perequê-Acu até a cidade. Lembro-me muito  bem da usina, pois nasci lá, meu avô, meu pai,  meu tio eram operadores da usina,  meu  avô  foi o primeiro, ensinou  a profissão aos filhos  Geraldo e José, meu pai começou   a  operar os  geradores, em 1951, na empresa Força  e  Luz de  Paraty, de  propriedade do  Sr. Alfredo  Coutinho,  em 1967 a empresa estatal  Centrais Elétricas Fluminense averbou o tempo de  serviço, passando  a serem  funcionários do  Estado  do Rio de Janeiro.

Geraldo  Pereira dos  Santos -meu  pai -
deu continuidade  em  1951 como eletrecista




sábado, 2 de março de 2019

Correntes em Paraty



Década de 1970, o Grupo JOPACOL – Jovens Paratienses para a Coletividade, liderado por José Claudio de Araújo, que anos depois (2001 a 2004) exerceu o cargo de prefeito de Paraty, junto com os jovens, entre eles: Paulo Souza (Paulinho Jacaré), Wander Duarte, Janaína e Ana Júlia Vasconcelos, Ana Maria Magalhães, Júlio Cezar Dantas, Claudio Aquino, Ike Menezes, Max, e tantos outros, propuseram ao prefeito da época, EDSON DÍDMO LACERDA, o fechamento do centro histórico com pedras de cachoeira e em 28 de fevereiro de 1976, se concretizou a preservação do Centro Histórico. Houve protestos de muitos paratienses com o movimento. Mais, aquela geração deixou marcas que podem ser observadas hoje em dia, as ruas, estão protegidas por correntes que impedem a passagem dos carros, preservam ainda mais o encanto colonial, atualmente conta o apoio de 100% da população paratiense.







segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

TOCA DO CASSUNUNGA

A Toca do Cassununga está localizada na Praia do Jabaquara, ao final da avenida de mesmo nome, tendo acesso também pela Rodovia Santos-Rio (BR-101).
É um conjunto de blocos de rochas superpostos que formaram abrigos com numerosos espaços cobertos e interligados. Possui mais de 50 metros de extensão e cerca de 15 metros de altura, contendo trilhas que saem da galeria principal e percorrem a região de manguezal e caixetal.
Os matacões que deram origem a Toca do Cassununga talvez tenham se originado a partir de um deslizamento de solo que arrastou as rochas encosta abaixo, deixando-as amostra da superfície. Processos geológicos como esse são comuns, principalmente em ambientes de sedimentação, que inclui o ambiente costeiro.

O local torna-se singular não somente pela formação geológica, como também pelos biomas no qual se encontra. Além disso, a Toca do Cassununga também é um sítio arqueológico, isso é, possui grande relevância do ponto de vista patrimonial e cultural, por conter sambaquis.
Os sambaquis, de acordo com a apostila de educação patrimonial de apoio ao professor, são amontoados de conchas utilizados por povos antigos que habitavam o litoral, onde juntavam vários elementos utilizados em seus cotidianos. Neles é possível encontrar vestígios de habitação, como fogueiras, utensílios utilizados em atividades de sobrevivência, bem como restos de alimentos e suplementos.

CURIOSIDADE


Dizem que em Paraty existiu o “Clube dos Luvas Negras”, formado por justiceiros da maçonaria, que se encarregavam de julgar e punir os irmãos que estavam em falta com a ordem e a sociedade. Consta que se reuniam em locais ermos e escuros, como cemitérios. Em Paraty se reuniam na Toca do Cassununga ou Kassununga, um sambaqui que provavelmente foi cemitério indígena. Silvio Romero, que foi juiz de direito em Paraty, “dizem”, era membro do clube, sendo possivelmente o líder. Segundo alguns, nos escombros de sua casa foram encontrados o avental, a espada e as luvas negras (Seria Possível?). O Fórum de Paraty era denominado de Silvio Romero.