Maria Angélica Ribeiro foi a primeira mulher a ter um texto representado no teatro brasileiro, começou a escrever com 12 anos, foi dramaturga, tradutora de peças teatrais, feminista e abolicionista. Escreveu cerca de 20 peças para o teatro, entre elas a “Cancros Sociais”, encenado no Teatro Ginásio Dramático em 1865, a peça apresenta forte posicionamento abolicionista e crítico à aristocracia brasileira, e que foi amplamente aclamada pela crítica teatral da época, entre elas, um comentário, do grande escritor machado de Assis: “O nome da Sra. Maria Angélica Ribeiro não é desconhecido do público. (...) O novo drama é ainda um protesto contra a escravidão. Resta-nos aplaudir do íntimo da alma a nova obra da autora de “Gabriela”, cujo alento está recebendo do público legítimos sufrágios”.
Maria Angélica Ribeiro foi uma escritora com muita regularidade, produzindo textos para o
teatro e também traduziu peças teatrais, mais sua atividade literária era o que
mantinha seu sustento. De classe aristocrática e branca lhe proporcionou um
ambiente propício para sua escrita, ao contrario de tantas outras mulheres
brasileiras do século XIX que não puderam exercer seu livre arbítrio.
Em sua
obra mais famosa “Cancros Sociais”, publicada em 1866, deixou escrito no
prefácio: “A escravidão é o câncer que solapa a base da emancipação”. Continuou
escrevendo no referido prefácio: Sei que uma mulher, especialmente pobre, não
pode elevar-se a certas regiões. O despeito de uns, a intolerância de outros, a
injustiça de muitos, e, sobretudo, a calúnia sempre ávida de vitimar a fraqueza
feminina, cedo ou tarde, com injúrias, lá a despenham dessas alturas, se
porventura, pôde atingi-las (...) o que vem da lavra feminina, ou não presta,
ou é trabalho de homem. E aí se encontra uma ideia injusta e desonesta. Com
estas palavras Maria Angélica Ribeiro denuncia os preconceitos que estavam
sujeitas as mulheres que tinham aspirações literárias.
Referência: Uma Dramaturga Singular no Brasil do Século XIX - Prof. Maria Stella Orsini.
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