segunda-feira, 29 de maio de 2023

Maria Angélica Ribeiro - Dramaturga Paratiense do Século XIX


Maria Angélica de Souza Rego, filha de Maria Leopoldina de Souza Rego e Marcelino de Souza Rego, nascida em Paraty, em cinco (5) de dezembro de 1829, conhecida como “Maria Angélica Ribeiro”. Casou aos 14 anos de idade, com o seu professor de desenho, João Caetano Ribeiro, ao contrário de sua esposa se tornou um ator muito conhecido e importante figura no teatro brasileiro do século XIX. Maria Angélica Ribeiro, aos 25 anos, mãe de três filhos, duas meninas e um menino, com o falecimento de seu caçula, desencadeou estado de depressivo, motivo pelo qual, se debruçou na escrita e sua produção foi bastante proveitosa, veio a falecer aos 50 anos de idade, em 09 de abril de 1880, na cidade do Rio de Janeiro.

Maria Angélica Ribeiro foi a primeira mulher a ter um texto representado no teatro brasileiro, começou a escrever com 12 anos, foi dramaturga, tradutora de peças teatrais, feminista e abolicionista. Escreveu cerca de 20 peças para o teatro, entre elas a “Cancros Sociais”, encenado no Teatro Ginásio Dramático em 1865, a peça apresenta forte posicionamento abolicionista e crítico à aristocracia brasileira, e que foi amplamente aclamada pela crítica teatral da época, entre elas, um comentário, do grande escritor machado de Assis: “O nome da Sra. Maria Angélica Ribeiro não é desconhecido do público. (...) O novo drama é ainda um protesto contra a escravidão. Resta-nos aplaudir do íntimo da alma a nova obra da autora de “Gabriela”, cujo alento está recebendo do público legítimos sufrágios”.

Maria Angélica Ribeiro foi uma escritora com muita regularidade, produzindo textos para o teatro e também traduziu peças teatrais, mais sua atividade literária era o que mantinha seu sustento. De classe aristocrática e branca lhe proporcionou um ambiente propício para sua escrita, ao contrario de tantas outras mulheres brasileiras do século XIX que não puderam exercer seu livre arbítrio.

Em sua obra mais famosa “Cancros Sociais”, publicada em 1866, deixou escrito no prefácio: “A escravidão é o câncer que solapa a base da emancipação”. Continuou escrevendo no referido prefácio: Sei que uma mulher, especialmente pobre, não pode elevar-se a certas regiões. O despeito de uns, a intolerância de outros, a injustiça de muitos, e, sobretudo, a calúnia sempre ávida de vitimar a fraqueza feminina, cedo ou tarde, com injúrias, lá a despenham dessas alturas, se porventura, pôde atingi-las (...) o que vem da lavra feminina, ou não presta, ou é trabalho de homem. E aí se encontra uma ideia injusta e desonesta. Com estas palavras Maria Angélica Ribeiro denuncia os preconceitos que estavam sujeitas as mulheres que tinham aspirações literárias.

Referência: Uma Dramaturga Singular no Brasil do Século XIX - Prof. Maria Stella Orsini.





Nenhum comentário:

Postar um comentário