sábado, 26 de fevereiro de 2011

FLIP - Festa Literária Internacional de Paraty

Poucos locais poderiam ser mais agradáveis para sediar a FLIP do que Paraty. Suas ruas de pedras propiciam encontros casuais proveitosos, enquanto restaurantes e bares sugerem um bate papo descontraído. As pousadas e os serviços oferecem um excelente padrão de qualidade.

Em agosto de 2003, a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) tornou-se a caçula da família de importantes festivais literários como: Hay-on-wye, Adelaide, Harbourfront de Toronto, Festival de Berlim, Edimburgo e Mantua. Com a presença de autores mundialmente respeitados como Julian Barnes, Don De Lillo, Eric Hobsbawn e Hanif Kureishi, a primeira FLIP estabeleceu um padrão de excelência às edições seguintes. Em um curto período, ficou conhecida como uma das principais festas literárias internacionais, reconhecida pela qualidade dos autores convidados, pelo irresistível entusiasmo de seu público e pela descontraída hospitalidade da cidade.

A FLIP já recebeu alguns dos grandes nomes da literatura mundial como: Salman Rushdie, Ian McEwan, Martin Amis, Margaret Atwood, Paul Auster, Anthony Bourdain, Jonathan Coe, Jeffrey Eugenides, David Grossman, Lidia Jorge, Pierre Michon, Rosa Montero, Michael Ondaatje, Orhan Pamuk, Colm Toíbín, Enrique Vila-Matas, Joanette Winterson, Marcello Fois, Kiran Desai, Alan Pauls, J.M.Coetzee, Amóz Oz, nadine Gordimer, Ahdaf Soueif, Jim Dogde, Robert Fick, Laurence Wright, Bárbara Heliodora, Denis Lehane, Guilhermo Arriaga, Leyla Perrone-Moisés, Will Self, Willian Boyd, César Aira, Mia Couto, Ishmael Beah, Alessandro Baricco, Cees Nooteboom, Chimamanda Ngozi Adichie, Contardo Calligaris, David Sedaris, Elisabeth Rondinesco,

Dos brasileiros, alguns dos autores mais talentosos já estiveram na FLIP, como Ariano Suassuna, Ana Maria Machado, Milton Hatoum, Millôr Ferndandes, Ruy Castro, Ferreira Gullar, Luiz Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura e Lygia Fagundes Telles, além de lendas vivas como Chico Buarque e Caetano Veloso, Cecília Giannetti, Fabrício Corsaletti, Lobão, Chacal, Verônica Stigger, Nuno Ramos, Augusto Boal, Eduardo Tolentino, Bosco Brasil, Mario Bortolotto, Ana Maria Gonçalves, Antonio Torres, Arnaldo Jabor, Fernando Morais, Paulo Lins, Silvano Santiago, Paulo César de Araújo, Ruy Castro, Caco Barcellos, Adriana Lunardi, Carlos Lyra, Cíntia Moscovich

A cada ano a FLIP homenageia um expoente das letras brasileiras. O poeta e compositor Vinicius de Moraes (1917-1980) em 2003. O escritor João Guimarães Rosa (1908-1967) foi o homenageado no ano seguinte. Em 2005, foi à vez da romancista Clarice Lispector (1920-1977). Em 2006, a FLIP prestou homenagem ao escritor baiano Jorge Amado (1912-2001). Em 2007 o grande homenageado foi Nelson Rodrigues. Em 2008, o tributo foi prestado a Machado de Assis, calhando com o centenário de sua morte. Em 2009 o nome a ser homenageado é Manoel Bandeira (1886 – 1968). E 2010 é a vez de Gilberto Freire (1900 – 1987). Em 2011 o mais inovador dentre os modernistas foi o grande homenageado Oswald de Andrade (1890 – 1954).Em 2012 o homenageado foi Carlos Drumond de Andrade, considerado por muitos poetas como o maior poeta brasileiro de todos os tempos. 2013 foi a vez de ser homenageado Graciliano Ramos. Em 2014 o grande homenageado foi Millor Fernandes. 2015 foi a vez de Mario de Andrade. 2016 foi a vez de Ana Cristina Cesar. Em 2017 o grande homenageado foi Lima Barreto. 2018 é a vez de Hilda Hilst, em 2019, foi a vez de Euclides da Cunha, em 2020 a homenageada será a poeta norte-americana Elizabeth Bishop.

A música brasileira, uma das maiores riquezas da nossa vida cultural, não poderia deixar de estar presente na FLIP. Os shows de abertura, que já valeriam a ida a Paraty, ofereceram aos convidados a chance de assistir Chico Buarque, Paulinho da Viola, Caetano Veloso, Mônica Salmaso, Adriana Calcanhoto, José Miguel Wisnik, Orquestra Imperial e o pianista João Donato, Luiz Melodia, Elza Soares e Celso Sim, Gilberto Gil, Lenine, André Mehmari  e o músico paratiense Luís Perequê, deram as boas-vindas aos visitantes da FLIP.

Enquanto a programação principal acontece na tenda dos Autores, vários outros eventos ocorrem simultaneamente em outros locais. Oficina literária, destinada a jovens aspirantes a escritor, é realizada por grandes autores brasileiros. Há também uma programação exclusiva para crianças - a Flipinha, em que jovens estudantes de Paraty apresentam resultado de seus trabalhos inspirados no universo literário e participam de palestras com autores convidados. O sucesso da Festa também estimulou o desenvolvimento de uma programação de leituras, shows e lançamentos de livros, batizada de OFF-FLIP.

Desde a primeira edição, o crescimento da Festa Literária está intimamente ligado à vida e às necessidades de Paraty. Artistas locais, comerciantes, hoteleiros e donos de restaurantes acolhem a FLIP, que por sua vez, mantém os habitantes locais ativamente envolvidos. Por tudo isso, a FLIP se destaca de outros encontros literários contribuindo para essa atmosfera alegre e calorosa que tem caracterizado esse grande evento.

Procissão do Fogaréu em Paraty

Um dos pontos mais importantes da SEMANA SANTA em Paraty, sem dúvida é a Procissão do Fogaréu, que acontece na Quinta-Feira Santa. A celebração lembra a prisão de Jesus pelos soldados romanos no Jardim das Oliveiras, e marca o início da Paixão de Cristo. As luzes dos postes se apagam, dando início a procissão por volta da meia-noite, com centenas de fiéis que saem carregando tochas “fifós” pedaços de bambu, com pavios embebidos em querosene, pelas ruas do Centro Histórico, ao som das matracas, simbolizando a escolta romana que conduziu Jesus até a prisão e ao seu martírio. A entrada das pessoas pelos portais laterais e a saída pelas portas da frente, durante essa procissão, significam um pedido de desculpas pelas indignidades cometidas contra Cristo Jesus.

Matraca é um instrumento musical e sinalizador constituído geralmente de madeira onde existe um pedaço de ferro curvilíneo que, quando sacudido, produz som. É usada no Brasil, em pequenas cidades por vendedores e também na quaresma para anunciar uma procissão. O instrumento substitui os sinos na Semana Santa.

Festa do Divino Espírito Santo em Paraty


Festa do Divino, estabelecida nas primeiras décadas do Século XIV pela Rainha D. Izabel (1261-1336) mulher D`EL Rei Dom Diniz, a festa começou pela construção da Igreja do Espírito Santo em Alenquer. Propagando-se intensamente a devoção, tornou-se uma das mais populares, regulamentada no Código Afonsino, que excluía das restrições proibitivas. Foi trazida para o Brasil no século XVI.
A Festa do Divino realiza-se em Paraty, (50) cinquenta dias após a Páscoa, apesar da ação desfigurada do tempo, é considerada uma das mais significativas festas, reduto de tradições veneráveis do folclore religioso luso-brasileiro; é uma mistura de fé profunda a uma poética ingenuidade, cantada nos versos simples da Folia do Divino, e na fé profunda que reconforta os devotos e consegue mobilizar os moradores o ano todo.
Paraty, ainda conserva esta tradição tão viva quanto na época colonial, no Primeiro e Segundo Reinado, apesar das sucessivas crises e, a aculturação realizada com a integração dos grandes centros, é comum as cantigas da folia e o acompanhamento as bandeiras, que percorrem as velhas ruas, carregando faixas e estandartes vermelhos, cor que a liturgia atribui ao Divino Espírito Santo, numa fé que vem sendo transmitida de geração a geração, e que, deverá estender-se por muito anos para a devoção dos paratyense, para a manutenção dos bons ensinamentos legados por nossos ancestrais e pela conservação viva da Cultura Popular Brasileira.
E faz parte dessa tradição que o menino Imperador (a quem, simbolicamente, cabe a responsabilidade de governar, durante os dias da festa) solte um preso da cadeia pública. No Brasil Colônia, esse preso era de fato escolhido pela espontânea vontade do menino Imperador entre as pessoas não condenadas por homicídio ou roubo. Mas como os tempos são outros, hoje a cena é representada na porta da antiga prisão.
A Festa do Divino é tão importante que antes do seu encerramento já é escolhido o festeiro que se encarregará de organizar a próxima. Diz-se que a festa do Divino teria levado o conselheiro José Bonifácio sugerir a D. Pedro I que se declarasse Imperador do Brasil, após a Independência em 1822, em vez de seguir o costume da monarquia portuguesa e ser coroado como rei.
A herança medieval torna a Festa do Divino um acontecimento sem par.

Comunidade da Praia Grande



Localizada a cerca 10 km do centro de Paraty, em frente à Ilha do Araújo, a Praia Grande possui águas claras e mar calmo. Fincados na areia, varais de redes de pesca atestam que o local é uma comunidade de pescadores, movimentada pelo vai e vem de barcos e por um pequeno comércio. Os moradores vivem da pesca e do turismo. Do lado esquerdo da praia sai uma trilha que leva a Prainha, o nome já diz, pequena praia bastante aconchegante de areia fina e clara, água transparente e calma.


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Histórico da Cachaça de Paraty - A Melhor Fase da Cana-de-Açucar

Antes de falar sobre a Cachaça de Paraty, faz-se necessárias algumas explicações técnicas sobre essa bebida:

* cachaça ou pinga é a aguardente feita da cana-de-açúcar;

* aguardente é o álcool obtido pela destilação do caldo de vegetais (frutas, cereais, grãos, etc...);

* destilação é o processo pelo qual uma substância em estado líquido passa para o estado gasoso e, depois, novamente ao líquido, por condensação do vapor obtido, removendo dessa forma as impurezas;

* fermentação é o processo de transformação da sacarose (açúcar) em álcool etílico e água, podendo ser natural ou química;

*o álcool pode ser obtido tanto por destilação (vodka e whisky, por exemplo) como por fermentação (cerveja e vinho). Na produção da pinga utilizam-se os dois processos: fermenta-se o caldo de cana e depois o destila.

* engenho é o equipamento utilizado para moer a cana de açúcar e alambique é o equipamento utilizado para destilar a caldo da cana depois de fermentado (parece uma grande chaleira);

Por volta de 1540 os portugueses instalaram no Brasil os primeiros engenhos para produção de açúcar e rapadura. Para se fazer rapadura, fervia-se o caldo da cana, separando a espuma que se formava - o cagaço - para dar aos animais. Encarregados da produção da rapadura e de levar o cagaço para os cochos dos animais, os escravos perceberam que após um ou dois dias parado, o cagaço fermentava, transformando-se em álcool. Não demorou muito para os senhores de engenho descobrirem esse álcool. Acostumados a produzir a bagaceira, uma aguardente feito da uva, os senhores de engenho resolveram destilar o cagaço para separar as impurezas. Surgia assim a cachaça.

Os primeiros alambiques vieram do arquipélago de Açores, onde eram utilizados para a produção da bagaceira e o início da produção da pinga aconteceu quase ao mesmo tempo na Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.

A Cachaça de alambique é a mais nobre das bebidas brasileiras e nasce artesanalmente, em pequenos alambiques de cobre nas propriedades rurais. Com teor alcoólico de 38% e 48% de volume, possui um sabor marcante e um bouquet inconfundível. E hoje, vem conquistando espaço nos mais variados cardápios do mundo inteiro. Em Paraty, a pinga de alambique, que tem um importante papel econômico e cultural, é produzida seguindo a tradição das antigas fazendas dos séculos passados.

Em torno de 1700, acredita-se que teve início a produção de aguardente em terras paratienses. De tão boa qualidade era a bebida que a vila acabou emprestando seu próprio nome ao produto, daquela época em diante, tomar uma parati era o mesmo que beber aguardente de primeira linha.Tão famosa era a pinga paratiense – como consta em diversas fontes históricas – que o preço de um litro custava “sete mil réis mais caro, em pipa, que todas as demais”. Consta ainda, que a venda de banana, peixe e farinha não somava a renda que o município obtinha com a venda de pinga. Com a Pinga de Paraty foi pago parte do resgate do Rio de Janeiro que em 1722 foi invadido pelo pirata francês Dougay troin. Já em 1908, a famosa “Azuladinha” de Paraty, pinga que no destilo recebe os vapores da folhas de tangerina, ganha a Medalha de Ouro da Exposição Nacional, no Rio de Janeiro.

Foi assim que Paraty chegou a meados de 1800 com cerca de 120 alambiques artesanais produzindo e comercializando, estima-se quase um milhão de litros de aguardente por ano.

Os segredos de fabricação continuam guardados a sete chaves, mas o modo de fazer pode ser visto por qualquer um que visitar os alambiques, que ainda hoje funcionam com roda d’agua, barril de carvalho, pipas, dornas artesanais e tachos de cobre com fogão à lenha.

O resultado desta combinação que reúne terra boa para a cana e o conhecimento de séculos de tradição só pode ser degustado com uma boa Parati feita em Paraty, terra mãe das boas pingas artesanais do Brasil.

Citações históricas sobre a cachaça de Paraty

“Em vez de tomar chá com torrada
Ele bebeu parati”
(Assis Valente, Camisa Listrada, samba de 1937)

Descrevendo o município de Paraty em 1907, o engenheiro Justin Norbert informa que a "canna é o objeto de um grande commércio neste logar e grande parte dos pequenos proprietários fabricam a aguardente chamada "Paraty", por causa de sua qualidade excellente, devido sem dúvida à posição e à fertilidade de suas terras. Até uma certa altura da serra, a cultura da canna dá grandes resultados. A canna athé attinge a proporções gigantescas (5 e mesmo 6 metros de altura) e desde que é plantada e tratada convenientemente, pode-se, cada anno, fazer o corte e estas colheitas sempre abundantes, duram de 5 a 6 anos seguidos, sem proceder a nova plantação". Quanto ao processo "de se fazer pinga aqui na cidade é artesanal, desde o plantio, a moagem com roda d'água, a fermentação do caldo em dornas, até a construção do alambique de cobre, que transforma o mucungo (caldo da cana fermentado) em aguardente". Entre os segredos de se fabricar uma boa cachaça está a temperatura. Em Paraty, o calor do alambique é mantido com fogo a lenha.

“Sentaram-se à mesa.
Quaresma agarrou uma pequena garrafa de cristal
e serviu dois cálices de parati”
(Lima Barreto, O triste fim de Policarpo Quaresma)

Em 1805, o Ouvidor-Geral José Antonio Valente escreve sobre Paraty nas Providências administrativas do seu relatório: “Na agoa ardente tem progresso, e sobre tudo na feitoria que lhe assegura de augmento sete mil réis em pipa sobre as demais. Os chimicos talvez descubram, examinando o causal da melhoria, se do terreno, das agoas ou das lenhas elas provém. Deve regular a duas mil e seiscentas pipas por ano, e faz este artigo, 151.200$. Esta resulta de produção calculada”. Em 1863, 12 engenhos de açúcar estão em atividade em Paraty, onde também operam “mais de 150 fábricas de destilação d´ aguardente, e diversos estaleiros onde se fazem embarcações e vasilhas para a aguardente’.

Em 1820, conforme relato de José de Souza Azevedo Pizarro e Araújo, havia 12 engenhos de açúcar e mais de 150 alambiques, com uma população aproximada de 16.000 habitantes.

“A patrícia, a que na Corte chamam Paraty, tem no norte o nome de Canna”.
(Jornal A Duquesa do Linguarudo, Recife, 1877)

Alambiques em funcionamento hoje:

Cachaça Maria Izabel
Sítio Santo Antônio – Corumbê – Paraty – RJ.
Proprietária: Maria Izabel

Cachaça Murycana
Fazenda Bananal – Estrada da Pedra Branca – Ponte Branca – Paraty – RJ.
Proprietária: Angelita

Cachaça Paratiana e Cachaça Labareda
Sítio Pedra Branca – Estrada da Pedra Branca, Km 1 – Ponte Branca – Paraty – RJ.
Proprietário: Paulo Eduardo e Case

Cachaça Engenho D’Ouro
Estrada Paraty – Cunha, Km 8 – Penha – Paraty – RJ.
Proprietário: Norival

Cachaça Maré Cheia
Estrada do Jacu – Morro do Jacu – Paraty – RJ.
Proprietário: Osmar

Cachaça Corisco
Estrada do Corisquinho – Corisco – Paraty – RJ.
Proprietário: Cláudio e família

Cachaça Coqueiro
Fazenda Cabral – Cabral – Paraty – RJ.
Proprietário: Eduardo Mello

História e Lendas de Paraty

Como todas as velhas cidades, Paraty vive tanto da História como da lenda. Diz a História que por volta de 1630 João Pimenta de Carvalho, proprietário em Angra, vendeu as terras que tinha ao major Carlos da Silva, desgostoso com uma questão de limites, e colocou a família num barco, rumando para o sul, ao 16 de agosto do mesmo ano alcançou uma praia que lhe apareceu boa para recomeçar a vida. Como era dia de São Roque, decidiu erigir uma capela em honra daquele santo.
A lenda acrescenta às origens do povoado os benefícios de um misterioso Roque José da Silva, que teria naufragado ao largo de Paraty ainda menino, salvando-se com uma arca repleta de ouro e pedras. Roque guardou numa gruta da serra e sempre que precisava de dinheiro desaparecia da vila. Tornou-se influente e chegou a organizar frota própria para transporte dos produtos que desciam de São Paulo para o porto de Paraty. Numa das idas à serra da Bocaina foi mordido por um gato raivoso e morreu. A fortuna ficou inteira para uma filha adotiva, Geralda Maria da Silva, que fez grandes doações à Igreja da matriz em construção e lá sepultou o pai, em 1860.
Aos poucos, foram surgindo casas, sobrados, engenhos, igrejas e fortificações, tudo em função do porto. A Vila de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty (título obtido a 28 de fevereiro de 1667) transformava-se num importante centro de comércio, passagem obrigatória para quem vinha do Rio em direção às Minas Gerais, além de ser o principal escoadouro das riquezas extraídas das minas do interior. Aliás, quando o ouro passou a ser explorado em larga escala, Paraty já era cidade com mais de 16 mil habitantes, 150 engenhos, 12 usinas e 1.700 casas.
Em seu porto, além de escravos, fumo, carne de porco, café, arroz, feijão, cana-de-açúcar, mandioca, e as famosas aguardentes da região foram comercializados cerca de 01 milhão de quilos de ouro e cerca de 100 quilos de pedras preciosas. Para proteger tanta fortuna, além dos fortes que cercavam Paraty por terra e mar, ergueu-se um enorme portão de ferro, que fechava a entrada da Vila as seis da tarde, ao som de um tiro de canhão.
O devassamento das terras de Paraty, foi motivado pela necessidade da abertura de caminhos, que ligassem as regiões de São Paulo e, principalmente, as das Minas Gerais com o Rio de Janeiro. Do começo do século XVI aos princípios do Século XVII, quando a Serra do Mar era tida como obstáculo intransponível, Paraty desfrutou a regalia de ser considerada ponto obrigatório de passagem e estacionamento dos viajantes, que buscavam o interior de São Paulo, Minas ou que dele viessem, demandando o litoral. Ainda em 1597, Martim Correa de Sá, filho do Governador Salvador de Sá, aproveitou, como melhor até então conhecido, o roteiro misto, marítimo-terrestre, via Paraty para alcançar as “Minas Novas” ou “Minas Gerais”. Embarcando no Rio de Janeiro chegou, por mar, à Paraty acompanhado de 700 portugueses e 2.000 índios, penetrando em São Paulo, rumo a Pindamonhagaba, onde atingiu a vale do rio Paraíba, cujo curso seguiu até chegar à foz do rio Paraibuna, de onde se internou nas terras das “Minas Gerais”. Vê-se, pois, que, em fins o século XVI, já a localidade era bem conhecida, tanto assim, que uma expedição tão vultuosa e cara, era arriscada no itinerário cuja base deveria, forçosamente, ter sido bem estudada. É que desde princípios do século, já muitos tropeiros haviam percorrido pelos caminhos daquela rota, plantando aqui e ali os seus ranchos, marcos iniciais das povoações que mais tarde floresciam.

VILA

Em 1660, por ato de rebeldia, o capitão-mor de São Vicente, Jorge Fernandes da Fonseca, elevou o povoado à categoria de vila, o que, causou protestos da Câmara de Angra dos reis, alias não atendidos por D. Afonso VI, que confirmou a criação da vila em 28 de fevereiro de 1667.
Outra versão diz que, nesse mesmo ano, tal era o progresso da localidade, que um paratiense decidido, Domingos Gonçalves de Abreu, requeria, em nome do povo, ao capitão-mor de São Vicente, a elevação do povoado á categoria de vila, levantando antes da proposta ao requerimento e por sua própria conta, o pelourinho, símbolo da autonomia e autoridade. Angra dos Reis, a cuja jurisdição estava sujeita a povoação, se opôs a que tal idéia se colimasse, sendo, todavia, vencida a sua resistência, em face da atitude desassombrada do povo de Paraty que reclamava fosse reconhecida sua autonomia. Com o crescimento do povoado começaram a surgir litígios entre os seus habitantes, dando ensejo ao aparecimento de casos, cuja solução era praticamente impossibilitada, dada à distância em que se encontravam as autoridades angrenses. Diante desses fatos, o Ouvidor-Geral pediu providências ao governo, que houve por bem elevar a povoação à categoria de vila, por força da carta-régia de 28 de fevereiro de 1667, contrariando as alegações interesseira da Câmara de ilha Grande (atual Angra dos Reis).
Criada a Capitania de São Paulo, independente da do Rio de Janeiro, informa ao autor supracitado, “suscitaram-se sobre a qual das duas teria jurisdição sobre a vila de Paraty e a contenda entre os governos das duas capitanias se prolongou de 1720 a 1726, época em que D. Pedro II, de Portugal, proferiu decisão favorável à do Rio de janeiro”.
Até 1725, rápido foi o progresso da vila de Paraty, a partir desse ano, porém, aberto e entregue ao tráfego o chamado “caminho novo”, que a excluía do roteiro para as “Mina Gerais”, reduziu-se o seu comércio.

CIDADE

Todavia, durante o Segundo Império, a vila de Paraty estava ainda em seus dias de progresso, porquanto, pela Lei provincial nº 302, de 11 de março de 1844, adquiriu foros de cidade, o que foi confirmado pelo Decreto Estadual nº 28, de 03 de janeiro de 1890, já na era republicana.
Paraty em 1714 ajudou a pagar o resgate do Governador do Rio de janeiro, aprisionado pelos franceses fornecendo 300 caixas de açúcar, 200 bois e 580 homens para a defesa da cidade invadida.
O colapso de sua economia deu-se com o advento da Lei Áurea, que motivou o abandono de inúmeras lavouras. Devido a isso, vários cursos de água tiveram seus leitos obstruídos redundando no extravasamento das águas e conseqüente formação de pântanos, que vieram prejudicar a salubridade de suas terras.
A falta de comunicações terrestre, quando o Estado se viu cortado por ferrovias e rodovias, foi outro fator preponderante para a estagnação da vida municipal.
A comarca de Paraty, criada por força do Decreto nº 31, de 03 de janeiro de 1890, foi extinta por efeito do Decreto nº 8, de 19 de dezembro de 189l, e restabelecida em virtude do Decreto nº 398, de 16 de agosto de 1897.
O Decreto nº 667, de 16 de fevereiro de 1901, extinguiu novamente essa comarca, passando o termo de Paraty a pertencer à comarca de Angra dos Reis, situação essa que perdurou até 12 de setembro de 1957, quando, pela Lei nº 3382, dessa data, foi restabelecida.

MONUMENTO

Em 1945 foi a cidade considerada “Monumento Histórico e Artístico Nacional” (IPHAN), inscrita no Livro do tombo Arqueológico Etnográfico, Paisagístico e no Livro de Balas Artes, no dia 13 de fevereiro de 1953, ditando as Leis de Preservação da arquitetura paisagística da cidade; finalmente em 24 de março de 1966, pelo Decreto nº 58.077 foi o Município de Paraty convertido em Monumento Nacional.

PATRIMÔNIO HISTÓRICO

Não se pode falar em Paraty sem fazer alusão, também, às montanhas
escarpadas que se convergem para o mar; às inúmeras ilhas e penínsulas espalhadas pela Baía da Ilha Grande. Mas sem nenhuma dúvida são as suas construções que fazem tão interessante e peculiar. Segundo Lúcio Costa “do ponto de vista da arquitetura civil, Paraty é mais um testemunho daquela serena maturidade a que a colônia – impedida de qualquer contato que não fosse com o mundo português – se viu conduzida, como criança asilada, e da qual resultou esse modo simples e peculiar de ser e de expressar-se, isto que, em termos arquitetônicos, se traduz no que se chama de ESTILO – o nosso estilo: plantas regulares, alçadas simples, pequenos saguões, recortes de madeira, treliças de resguardos, caixilharias envidraçadas, beirais coloridos. Tanto nas casas de feição mais severa e antiga, quanto naquelas concebidas ao gosto já liberto e acolhedor de meados de oitocentos, caracterizado pelo gracioso desenho das vidraças e pela serralheria rendada, o vocabulário é o corrente, e a linguagem urbana se articula com naturalidade à paisagem, contida entre o fundo de montanha e o ritmo largo e alternado da maré. Porque Paraty é a cidade onde os caminhos do mar e os caminhos da terra se encontram, melhor, se entrosam. As águas não são barradas, mas avançam cidade à dentro levadas pela lua, e o reticulado de ruas, balizado pelas igrejas”. O traçado das ruas de Paraty, urbanisticamente perfeito, é em T, e visava defender a cidade contra invasões dos piratas, são dezesseis ruas na área urbana.
De forma quadrangular, o Centro Histórico, é cercado por correntes de ferro, que impedem a passagem de carros. As casas do núcleo histórico foram construídas com uma argamassa contendo óleo de baleia, animal caçado até desaparecer na Baía Grande. As Igrejas, por sua vez, foram erguidas com pedras vindas da Europa, refletindo a fase áurea da cidade.
A predominância do branco e azul Hortência, desperta curiosidade. Como a cidade foi urbanizada por maçons, essas cores foram escolhidas por serem as mesmas da Maçonaria Simbólica e da cidade de Óbidos, cidade maçônica em Portugal. É a eles também atribuído o traçado irregular das ruas, cujo objetivo era evitar o vento encanado nas casas e permitir que a luz solar atingisse em igual proporção todas as residências. Soma-se a essas características uma outra com a mesma importância: as colunas em forma de pórtico de cada lado da porta de entrada das casas. Elas indicavam ali morar um maçom disposto a prestar ajuda necessária ao viajante.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Paraty Igrejas e Monumentos

Igreja Matriz de Nossa senhora dos Remédios

Em 1646, Dona Maria Jácome de Mello doou a área situada entre os rios Perequê-Açu e Patitiba para a construção do novo povoado, exigindo que nele se construísse uma capela dedicada a Nossa Senhora dos Remédios. Assim de pedra e cal, surgiu a primeira capela, que foi demolida em 1668 e em seu lugar construída uma maior, obra que só terminou em 1712. Contava a nova Matriz com sete altares, sendo duas capelas internas. Em 1787, por ser a igreja pequena para a população, iniciaram-se as obras de um novo templo em local próximo da antiga igreja. Esta obra suntuosa custou ao povo grande soma em dinheiro e por falta de ajuda financeira, foi diversas vezes paralisada a sua construção. Auxiliou ao final das obras a Dona do Paço, a piedosa Senhora paratyense Dona Geralda Maria da Silva, fornecendo dinheiro e escravos. A 07 de setembro de 1873 foi a igreja entregue ao culto público, precedendo à sua benção uma procissão em que transladaram as imagens da Igreja de Santa Rita para a Matriz, por ocasião da Festa de Nossa Senhora dos Remédios. Portanto, a Igreja Matriz, como conhecemos hoje, nada apresenta das características arquitetônicas de sua construção primitiva, pois seu acabamento interno se deu exatamente no final do século retrasado, findo já o fausto da cidade. Mesmo assim, destacam na igreja a imponência da edificação, suas torres inacabadas, algumas imagens das antigas capelas e as pinturas das capelas internas que datam do século XVIII. Merecem atenção especial as imagens da Semana Santa, todas em tamanho natural, um detalhe curioso são as torres inacabadas e o fundo da igreja, sem terminar. Acredita-se que isto aconteceu, não só pela falta de recursos e mão-de-obra escrava, mas também porque a igreja afundou, inclinando-se perigosamente para frente, devido ao enorme peso de sua fachada e à consistência do terreno onde foi construída.
Igreja de Nossa Senhora das Dores ou Capelinha

Em 1800 foi à vez da Igreja de Nossa Senhora das Dores, hoje chamada de Capela das Dores ou Capelinha ser construída, por algumas devotas e pelo Padre Antonio Xavier da Silva Braga, reformada em 1901 pela irmandade de Nossa Senhora das Dores e pelo Padre João César Iera. Esta, também, possui três altares homenageando as nossas senhoras das Dores, Senhor do Bom Jesus. Vale observar o rendilhado das sacadas, o lustre de cristal, o cemitério em forma de catacumba e o galo cata-vento em sua torre.

Capela da Santa Cruz

Foi mandada construir em 1901, por iniciativa da Senhora Maria Generosa, localizada no Beco do Propósito, às margens do Perequê-Açú. Era uma homenagem que ela prestava ao escravo liberto Theodoro que morreu afogado nas águas do rio. Hoje, também é conhecida como Capela da Generosa.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito

Iniciou sua construção em 1725, em 30 de agosto de 1750, foi fundada a Irmandade dos Homens Pretos e a de Nossa Senhora do Rosário. Em 1757, foi totalmente reconstruída por todos os escravos da cidade. A igreja possui arquitetura simples e igual às construções religiosas da época. Os altares são dedicados a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e São João. O adorno em forma de abacaxi que sustenta o lustre de cristal no centro da nave; chama bastante a atenção. O interior desta igreja é considerado o mais rico. Os retábulos são do século XVIII e foram confeccionados por escultores açorianos.
 Igreja de santa Rita

Construída em (1722) pelos pardos libertos sob a invocação de menino Deus, Santa Rita e Santa Quitéria. A Irmandade de santa Rita dos Pardos foi fundada a 30 de julho de 1722. É a Igreja mais antiga da cidade, em virtude da demolição da antiga Matriz. Seus altares são dedicados a Santa Rita, Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora do Carmo, todos entalhados em madeira, com folhas de acanto e anjos. Junto à igreja, situa-se o cemitério da irmandade, no estilo de catacumbas, separado do corpo da igreja por um adro e um jardim. Funciona nesta igreja o museu de arte-sacra da cidade, com exposição de alfaias, imagens e pratarias da paróquia.
 
Cruz das Almas

É um altar público existente na Rua Presidente Pedreira. Segundo alguns, destinava-se à última oração dos que, condenados à morte, dirigiam-se ao Largo do Rocio, local da execução. Diz-se, também, chamar-se Caixa de Ossos ou Caixa das Almas e destinava-se a arrecadar esmolas para a Irmandade de São Miguel das Almas.

Forte Defensor Perpétuo

Foi construído em 1703 com a finalidade de defender a cidade de ataques piratas. Em 1822 foi totalmente remodelado, recebendo a denominação de Defensor Perpétuo, em homenagem ao primeiro Imperador do Brasil. Situado sobre o morro da Vila Velha, hoje morro do Forte possui trincheiras com canhões assestados para a entrada da baía e casa de pólvora, além de alojamento para soldados e cadeia. Juntamente com outras (06) seis fortificações, da Ilha das Bexigas, Iticupê, Ponta Grossa, Ilha do Mantimento, Ilha dos Meros, Fortaleza da Patitiba fazia parte de um complexo defensivo do Porto de Paraty.
O prédio foi restaurado pelo IPHAN, hoje abriga o Centro de Artes e Tradições Populares de Paraty, com exposição permanente do artesanato paratiense.

Santa Casa de Misericórdia de Paraty

Foi fundada em 12 de outubro de 1822, dia da aclamação do primeiro Imperador e recebeu por padroeiro São Pedro de Alcântara, Santo do nome de sua Majestade Imperial, como reza seu estatuto. Seu prédio especialmente construído para hospital e sua arquitetura singular mostram as exigências da época para uma casa de saúde. Vale ressaltar no prédio o envidraçado do pátio interno e o seu portão.
O Chafariz de Mármore

Situado a Praça Presidente Pedreira e foi mandado construir pelo Conselheiro Luiz Pedreira do Couto Ferraz, então Presidente da Província do Rio de Janeiro, quando de sua visita a esta cidade em fevereiro de 1851. Servia para abastecer a cidade de água, já que não existia ainda sistema de distribuição pelas residências. Era o local onde as lavadeiras lavavam as roupas, os tropeiros davam de beber as suas tropas.

Passos da Paixão

São pequenos Altares embutidos nos prédios particulares, casas e igrejas espalhadas por várias ruas do Centro Histórico, originariamente foram construídos (06) seis por ordem da Irmandade do Santíssimo Sacramento, para representar os sete momentos da Paixão de Cristo, embora não se tenha informação sobre a data precisa de construção dos Passos. São Altares fechados por grandes portas de almofadas de madeira de lei, como eram as portas dos velhos casarões, que se abrem para a rua, em especial na Semana Santa, mais precisamente na Sexta-Feira Santa, durante a procissão dos Passos do Senhor, do Encontro e do Enterro, quando os fiéis podem praticar suas devoções. Até que em 1922, a Irmandade do Sacramento resolveu mandar demoli-los, a referida Irmandade foi dissolvida há muito tempo por falta de irmãos. Na Rua do Comércio e na lateral da Igreja Santa Rita, existe ainda os Passos da paixão, fechados por portas almofadadas, que por serem de pedra e madeira de lei foram resistindo ao tempo, os outros foram recentemente restaurados pelo IPHAN, utilizando as portas originais que estavam guardadas na Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, os quatros restaurados encontram-se nas Ruas do Comércio e na Rua Dona Geralda.
Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Paraty Mirim

Localizada no Paraty-Mirim, sede do Segundo Distrito do Município Paraty, aproximadamente a 14 Km da cidade. Foi edificada em 1720, pelo Senhor Antonio da Silva e em 1746 foi feita com paredes de pedra e cal pelo então Coronel Jorge Pedroso de Souza e consagrada no mesmo ano. Nela esteve por muito tempo a imagem de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da localidade, acredita-se que esta imagem foi roubada de Angra dos Reis, por piratas holandeses, hoje a imagem da Santa, em madeira, encontra-se no Museu de Arte Sacra de Paraty. A pequena e simples igrejinha de um só altar, não possui torre e o sino fica na lateral da igreja sob uma viga de pedra, está construída junto a Praia do Paraty-Mirim, proporcionando a quem chega pelo mar uma bela imagem da localidade.
Quartel da Fortaleza da Patitiba

Situado no largo de Santa Rita, ao lado da Igreja de mesmo nome, fazia parte de uma das sete fortificações que defendiam a baía de Paraty, nele funcionou a cadeia pública municipal até a década de 80, acredita-se que as grades das janelas e as portas das celas tenham pertencido à primeira cadeia pública que, era situada na Praça da matriz. O prédio foi reformado em 1981, e entregue ao Município, onde, passou a funcionar a Divisão de Cultura, Turismo e Esporte e ainda, Informações Turísticas de Paraty. O prédio foi construído como quartel, e destinado para alojamento das tropas da Fortaleza da Patitiba, situado na foz do rio do mesmo nome, foi desativado e demolido em meados do Século XIX. O prédio data do início do Século XVIII, atualmente encontram-se instalados a Pinacoteca Marino Gouveia, e a Biblioteca Municipal Fábio Villaboin, também funciona como sede do Instituto Histórico e Artístico de Paraty, que cuida do acervo histórico do município de Paraty, além de outras atividades, sempre voltadas para a cultura paratiense.
Casa da Cultura de Paraty

A Casa da Cultura de Paraty é o endereço perfeito para começar a conhecer Paraty, um monumento do Brasil e do mundo, um espaço dedicado à Cultura e às tradições locais: um museu vivo, capaz de contar capítulos importantes da trajetória do Brasil.
Dispõe de uma exposição interativa que reúne depoimentos de personalidades e cidadãos paratienses, que relatam a sua história, saberes e fazeres, além das tradições populares e festas locais.
Localizada no Centro Histórico, conta com um Auditório de 170 lugares, Sala de Exposição Temporária, Café, Livraria, Loja de Artesanato, onde você encontra o verdadeiro artesanato de Paraty e o trabalho de renomados artistas plásticos.
O imóvel foi construído 1754, já foi residência e armazém, foi reformada em 1761 e 1860. Serviu como escola pública, durante muito tempo foi a sede do PAC – Paratiense Atlético Clube. Em 1990 o Município resolveu assumir o prédio sendo transformado em Casa da Cultura. Hoje o prédio foi totalmente reformado pela Fundação Roberto Marinho e seus parceiros para dar lugar a Casa da Cultura de Paraty.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Caminho do Ouro


Estrada construída pelos escravos entre os séculos XVII e XIX, a partir de trilhas dos índios guaianazes “índios que habitavam a região”, teve sua construção iniciada em 1660, por ordem do Governador Sá e Benevides, o Caminho do Ouro está relativamente preservado e se encontra envolto pela exuberância da Mata Atlântica do parque Nacional da Serra da Bocaina.
As obras de engenharia e drenagem impressionam, ainda hoje, pelo seu tamanho e forma de execução: pedra sobre pedra, encaixes perfeitos e sistema de drenagens funcionais. Alguns de seus muros de arrimo chegam a ter, aproximadamente, cinco metros de altura e seguem fielmente a curva de nível da serra.
Ponto de passagem obrigatório, nos séculos XVIII e XIX, o caminho ligava o Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, no chamado “Ciclo do Ouro”. Paraty exercia a função de entreposto comercial e por sua posição geográfica, porto escoadouro da produção de ouro de Minas Gerais para Portugal, também escoava o café produzido no alto do Vale do Paraíba. Foi uma das mais importantes cidades portuárias do século XVIII, chegando a ser o segundo mais importante porto em carga e descarga do Brasil colonial, perdendo apenas para do Rio de Janeiro. Sua importância vai até o surgimento de um novo traçado, em linha reta, do Rio de Janeiro para Diamantina, nas Gerais, isolando Paraty e cessando o movimento do Porto. Com a libertação dos escravos, agora também sem mão de obra dos engenhos, das fazendas e do porto, grande parte da população abandonou a região em busca de futuro mais promissor.
Não deixe de conhecer um dos mais importantes marcos da nossa história, onde correram lendas e sofrimentos, mais principalmente, esperança e sonhos.
Este caminho está na história como uma das primeiras vias de transporte e integração do Brasil.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Comunidade Praia do Sono


A partir da Vila de Oratória em Laranjeiras o acesso deve ser a pé ou de barco. Através da trilha em direção a Comunidade do Sono, onde famílias de caiçaras vivem isoladas dentro da APA do Cairuçú. O percurso, em meio a Mata Atlântica preservada, permite observar espécies de animais e aves. E, através de trilhas também é possível ir até duas praias ainda selvagens, Antigos e Antiguinhos. Possuem grande beleza cênica, extensa faixa de areia muito fina e mar verde e transparente. Orla sombreada por amendoeiras e abricós. Uma trilha que inicia no meio da Praia, leva a várias piscinas naturais formado pelo córrego do Jamanta, sendo o Poço do Jacaré uma das melhores piscinas para banho. Por ser área de proteção ambiental o cuidado tem que se dobrado com a preservação da natureza. A comunidade vive da pesca artesanal “cerco”, do turismo através dos campings, aluguel de suas casas nos grandes feriados e nos barzinhos na beira da praia.
Acredita-se que o nome Sono venha das montanhas que cercam a praia, fazendo o sol nascer mais tarde e se pôr mais cedo.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O Sobrado

Chiba do Valhacouto

Valhacouto nome de um bar que Zé Kleber havia aberto num sobradão de sua propriedade – bar de vida curta, pressões políticas e uns tiros disparados contra sua porta aconselharam seu fechamento, bar muito frequentado por artistas, cineastas, atores, entre outros. "O pessoal ali era alegre demais para aqueles tempos sombrios".
O Valhacouto durou três anos. Nasceu em 1964 e terminou no dia 7 de setembro de 1967. Neste ato cívico, a fanfarra desfilava para as autoridades perfiladas na sacada da Prefeitura, próximo ao sobrado,do referido Bar, comemorando a Independência do Brasil. Incomodado com o som que lhe agravava a ressaca, o poeta não teve dúvidas. Abriu as portas do bar, declarou alto e bom som refrigerante gratis para todos e, sorridente, viu estudantes e músicos liquidarem tudo o que havia no estoque.
Quando não havia mais nada para comer ou beber, Zé Kléber subiu no balcão e declarou definitivamente encerradas as atividades do Valhacouto.
Foi-se o bar, ficou a fama. No final dos anos 1960, diversas equipes de cinema despencaram na cidade para usá-la como cenário.

Origem do nome Paraty

Existem várias controvérsias no que se refere à origem e o significado do nome da cidade, inclusive sobre a grafia correta. Mas segundo Teodoro Sampaio, ilustre geólogo e historiador brasileiro, em “O Tupi na Geografia Nacional”, significa: Jazida do mar, o golfo, lagamar e informa ainda, não confundir com Pirati, peixe da família das tainhas muito comum na região. Outros historiadores acreditam que o nome da cidade se originaria do nome do peixe, outros que seria “viveiro de peixes”. Defendem ainda, que nos meses de inverno, os índios desciam a serra em busca de pescado, pois sabiam que o peixe parati existia em abundância na região, entre os meses de março a setembro, subia os rios para desova, tornando-se presa fácil. Por esse motivo os índios chamavam essa região de paratii que significa água de parati (“parati” igual espécie de peixe da família das tainhas, “i” igual rio ou água). Os Jesuítas, catequizadores dos índios e os primeiros a estudar suas línguas, tinham o costume de substituir o duplo “i” pela letra “y” ficando assim o nome da cidade de “Paraty”. Entretanto em 1943 quando houve uma reforma ortográfica eliminando, entre outros, o “y” do vocabulário, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) passou a escrever o nome da cidade com “i”, embora no Vocabulário Ortográfico Oficial, conforme a Academia Brasileira de Letras considere que “os topônimos de tradição histórica secular não sofrem alteração alguma na sua grafia”, a exemplo do que ocorre com Bahia. Apesar da grafia “Parati” ser aceita, o correto é a grafia “Paraty” daquela época e continua até hoje, portanto cumprindo a legislação.

Cronologia Histórica de Paraty

Século XVI
1531 – O litoral de Paraty já é conhecido de portugueses como Martim Afonso de Souza, que vem ao Brasil para tomar posse da Capitania de São Vicente – que corresponderia à faixa que vai de cabo Frio a Cananéia. Outra hipótese para sua vinda seria aa busca pelo caminho místico que levaria às minas de prata do Peru. Nos relatos desta época, porém, não há menção a portugueses morando na região. O provável descobrimento da cidade foi em 16 de agosto desse ano, dia de São Roque.
1596 – Atacados pelos índios Tamoios, os Goianás, antigos habitantes de Paraty, pedem ajuda aos portugueses. Em viagem à região, o corsário inglês Anthony Knivet, membro da expedição de Thomas Cavendish, relata o comércio com os índios. Surge daí o povoado. Mas o motivo de sua fundação é o caminho para São Paulo, por Taubaté e Pindamonhangaba, cortando a Serra do Facão.
1597 – Martim Correa de Sá, filho do Governador Salvador de Sá, aproveitou, como melhor até então conhecido, o roteiro misto, marítimo-terrestre, via Paraty para alcançar as “Minas Novas” ou “Minas Gerais”. Embarcando no Rio de Janeiro chegou, por mar, à Paraty acompanhado de 700 portugueses e 2.000 índios, penetrando em São Paulo, rumo a Pindamonhagaba, onde atingiu a vale do rio Paraíba, cujo curso seguiu até chegar à foz do rio Paraibuna, de onde se internou nas terras das “Minas Gerais”.
Século XVII
1600 – O núcleo paratiano começa a aparecer no cenário histórico brasileiro.
1606 – Chega a Paraty o Capitão-Mor João Pimenta de Carvalho, que concede sesmarias a paulistas e angrenses, razão pela qual o núcleo fica sujeita à jurisdição da Vila de Angra dos Reis.
1636 – Dona Maria Jácome de Mello doa parte de sua sesmaria, entre os rios Perequê-Açú e Patitiba, para que se estabeleça a futura Vila de Paraty exigindo o respeito aos índios que ali viviam e a construção de uma capela dedicada a Nossa Senhora do Rosário. O povoado, então, é transferido de seu ponto original, no alto do morro, onde já existia uma capela em honra a São Roque, o primeiro padroeiro.
1640 – O povoado é transferido do Morro da Vila Velha (hoje Morro do Forte) para o local atual (centro histórico).
1644 – Com o porto já bastante movimentado, o povoado faz sua primeira revolta, expulsa as autoridades da Ilha Grande (Angra dos Reis), município a qual Paraty estava subordinado como distrito, levanta um pelourinho e se auto-intitula vila. Angra, porém, reclama seu povoado e o toma de volta.
1660 – Uma nova revolta, nos mesmos moldes da anterior, leva a uma disputa que duraria sete anos. Na ocasião, o governador do Rio de janeiro, Salvador Correia de Sá e Benevides, manda abrir uma estrada sobre a antiga trilha Goianás, que levava ao Vale do Paraíba.
1667 – Em 28 de fevereiro a Carta Régia de dom Afonso VI eleva o povoado à condição de Vila: surge a Villa de Nossa Senhora dos Remédios de Paratii.
1690 – Paulistas descobrem ouro em Ouro Preto. É o início de um progresso estupendo na Vila. O porto de Paraty, com uma baía rasa. Era abrigo seguro contra ataques e o ouro era escoado em barcos até Sepetiba. O povoado é urbanizado e as casas de sapê são substituídas por outras, de alvenaria. Os engenhos se proliferam e as tropas sobem a Serra do mar incessantemente.
1693 – Com a descoberta do ouro em Minas, as trilha dos Guaianá se torna o Caminho do ouro do Rio de janeiro para as Minas Novas dos Cataguás e do Rio das Velhas. É o início do Ciclo do Ouro na Colônia.

Século XVIII

1700 – O nome Parati é firmado como sinônimo de aguardente de qualidade.
1703 – Carta Régia, datada de 09 de maio, determina a construção de um reduto (fortaleza) para defender o porto e a instalação, em Paraty, de uma Casa de Registro do Ouro – para controlar o fluxo do metal que vinha das minas e o trânsito de pessoas e mercadorias que se dirigiam ao interior do país.
1711 – Paraty possui 400 casas, sendo 40 sobrados.
1720 – A Vila de Paraty é anexada à Capitania de São Paulo. Embora não oficialmente inaugurado já se utiliza, mesmo precariamente, o novo caminho do Rio de Janeiro às Minas pela Serra dos Órgãos.
1726 – A Vila de Paraty volta a pertencer ao Rio de Janeiro.
1729 – Frei Agostinho de Santa Maria descreve o “populoso e crescente entreposto comercial de Paraty”.
1730/1750 – O porto da Vila de Paraty é o segundo mais importante em carga e descarga na Colônia, perdendo apenas para o do Rio de Janeiro.
1767 – Inauguração oficial do novo caminho entre Rio e Minas pela Serra dos Órgãos, que encurtava em muitos dias aquele, via Paraty.
1778 – Paraty já possuía 70 engenhos de destilação e produziu naquele ano 1554 pipas de 470 litros cada uma (730.380 litros) de aguardente de primeira linha.
1781 – Uma sumaca parte de Paraty para Buenos Aires com aguardente e escravos.
1790 – Havia 92 engenhos de aguardente em funcionamento em Paraty e a população era de 6.672 homens livres e escravos (sem contar mulheres e crianças), sendo 69% de origem rural.
1799 – Com a abertura do Chamado Caminho Novo, que liga o Rio de Janeiro diretamente a Minas, cai o movimento do ouro pela Serra do Facão. Paraty, então, amplia a exportação de cachaça pelo porto. O caminho antigo passa a ser usado como rota de tráfico de escravos, de abastecimento de gêneros para o Vale do Paraíba e Minas Gerais e, depois, para o escoamento da produção de café do Vale do Paraíba. Funcionam na província do Rio de Janeiro 616 engenhos de açúcar e 213 de aguardente, sendo 100 em Paraty e a população da Vila é de 8.025 habitantes.

Século XIX

1805 – Paraty possui 948 “fogos” (casas residenciais, térreas ou assobradadas). Verificou-se na Vila a presença de mais de 05 mil escravos (zona rural e urbana). José Antonio Valente menciona que, em razão de sua qualidade, a aguardente local é 07 mil réis mais cara do que todas as demais.
1810 – A Vila tinha cerca de 12 mil habitantes.
1813 – A Vila recebe o título de Condado. O primeiro Conde de Paraty foi D. Miguel Antonio de Noronha Abranches Castelo Branco.
1822 – Passam pela Vila 160.914 cabeças de homens, escravos e animais.
1829 – Aprovação do Código Municipal de Posturas.
1840 – Paraty já possuía 1573 “fogos” e somavam 49 engenhos em atividade.
1844 – 12 de março, pela Lei Provincial nº. 302 Paraty é elevada à categoria de Cidade.
1855 – Uma ferrovia ligando o Vale do Paraíba ao Rio de janeiro torna obsoleto o Caminho Velho do Ouro e do café, e vai encerrando, pouco a pouco, as atividades comerciais paratienses.
1864 – A estrada de Ferro Dom Pedro II chega ao Vale do Paraíba e, depois, a Guaratinguetá. Toda a produção da região passa a ser escoada pelos trilhos, levando Paraty, a uma brutal decadência.
1888 – A Abolição da escravatura elimina a principal mão de obra do Império e dos engenhos paratienses.
1892 – O censo contou naquele ano 12.488 habitantes no município.

Século XX

1908 – A cidade ganha medalha de ouro na Exposição Industrial e Comercial do Rio de Janeiro com uma pinga azuladinha (Azulada do Peroca).
1910 – Com sua economia limitada apenas à produção (diminuta) de aguardente, banana e mandioca, Paraty entra em decadência.
1945 –18 de setembro, pelo Decreto Lei nº. 1.450, Paraty é declarada Monumento Histórico Estadual.
1950 – A estrada Paraty-Cunha, já interligada à Via Dutra, liga a cidade novamente ao interior do Brasil. Até então, desde o abandono do Caminho do Ouro, só se chegava a Paraty por meio de barcos. Estava descoberta, a partir daí, a vocação turística da cidade, iniciando-se um novo ciclo de desenvolvimento. Esse ciclo consolida-se em 1973, com a abertura da Rio-Santos.
1958 – 13 de fevereiro, Paraty é Registrada nos Livros do Serviço do patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
1966 – 24 de março, pelo Decreto nº. 58.077, o Município é declarado Monumento Histórico Nacional.
1973 – Abertura da Estrada Rio-Santos (BR-101): início do Ciclo do Turismo na cidade.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Comunidade de Tarituba


A pequena Vila é sede do terceiro distrito de Paraty, município do Estado do Rio de Janeiro cheio de histórias para contar. Nela moram cerca de 1000 habitantes, dais quais a grande maioria é da mesma família, na qual grande parte vive da pesca e do turismo. Contam os mais velhos que a praia da pequena enseada tinha uma faixa de areia muita clara e cheia de minúsculas conchas de mariscos. Foram elas que levaram os índios a chamar aquela região de Tarituba, um topônimo indígena que significa “local de muitas conchas”. As águas calmas abrigam barquinhos e canoas e convidam para um mergulho. Possui apenas duas praias: Tarituba e Taritubinha que já foram cenários de obras teledramatúrgicas, tanto no cinema, quanto na TV. A novela Mulheres de Areia (1993) e o filme O Rei dos Milagres (1977), foram parcialmente filmados nestas praias. Possui uma escola (1ª a 4ª série), posto de saúde, mercadinho, barzinho a beira mar, pequenas pousadas, cais para pequenas embarcações, uma única avenida, e a rodovia Rio-Santos. Passou de uma fazenda de café do Século XIX a uma simpática Vila Caiçara, preservando muitos costumes ainda hoje. A tradição também está presente no grupo de danças folclóricas de Tarituba, existente há 30 anos, que preserva a Ciranda, também conhecida como baile rural, que é uma série de danças denominada “miudezas”, chiba-cateretê é uma delas, dança em forma de roda, onde os homens sapateiam com tamancos de madeira e as mulheres rodopiam com suas saias rodadas e coloridas, recentemente produziram um livro e lançaram um CD “Vamos indo na ciranda Mestre Chiquinho de Tarituba” visando à preservação do patrimônio lúdico e de caráter popular das tradições da pequena Tarituba, em Paraty.
É impossível falar de ciranda de Tarituba sem falar do Mestre Chiquinho (1906-1992). Carismático, inventivo e generoso, foi de tudo um muito: cirandeiro, pescador, lavrador, violeiro, poeta, construtor, artesão. Foi, principalmente, um líder amado de sua amada Tarituba.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Vila da Trindade














A Vila da Trindade era habitada por índios Tupiniquins que viviam da caça e da pesca abundante nesta região. Quando Paraty se tornou porto para o escoamento das riquezas vinda das Minas Gerais para o reino português, Trindade se tornou ponto estratégico para os piratas atacarem os navios portugueses e suprirem suas necessidades de água e comida. Quando estes ancoravam na praia, os índios atacavam os navios, matavam os tripulantes e roubavam a carga levando-a para sua aldeia. Também praticavam antropofagia escondendo os ossos na caverna dos ossos, que se localiza na praia do meio.
Os portugueses, por sua vez fizeram um caminho por terra de Paraty a Trindade, com intenção de recuperarem os seus tesouros invadiram a aldeia dizimando toda a tribo. Assim, Trindade ficou desabitada até a chegada de uma família, que fugia de São Vicente para proteger seus filhos de uma guerra. Que era constituída de um negro, uma índia, quatro filhos e uma menina adotada por eles, loura de olhos azuis cujos pais haviam morrido num navio.
Com o passar do tempo, Trindade se tornou refúgio para outras famílias. Contam que as primeiras foram às famílias Lopes e Rosa. Dando origem assim, a uma nova aldeia com índios, negros e portugueses.
Os trindadeiros Vivian isolado, cultivavam roças de subsistência (mandioca, banana, cana-de-açucar, feijão e café) e desenvolviam técnicas artesanais (cestos, gamelas, engenhocas etc).
Diz a lenda, que existem tesouros enterrados e moedas antigas no leito das cachoeiras.
Trindade a belíssima Vila de pescadores tem acesso pela Rodovia Rio-Santos na altura do Km 268 e está localizada a 27 km de Paraty, dentro da APA do Cairuçú, recebe diariamente turistas do mundo inteiro que querem conhecer as três pontas formadas pelas serras e banhadas por belas praias, que atendem aos mais exigentes visitantes.
A Mata Atlântica ainda preservada acompanha, estática e silenciosa, o vai-e-vem do mar, que às vezes forma boas ondas para quem curte a prática do surf na praia do cepilho.
Durante a década de 70 virou reduto e símbolo dos hippies, grupo não conformista, caracterizado pelo rompimento com a sociedade tradicional, especialmente no que se refere à aparência de se vestir e no modo de viver. Na década de 80 era o lugar dos aventureiros que vinham de longe, enfrentando a difícil estrada de terra (em especial o trecho de subida conhecida como Deus Me Livre) para acampar nas praias paradisíacas. De 1990 para cá o turismo tomou conta de Trindade. As casas dos pescadores viraram pousadas e bares simples, seus quintais transformaram-se em campings, abriram mercearias e lojinhas e asfaltaram o “Deus me Livre”.
Pesquisas arqueológicas realizadas na década de 70 encontraram vários sambaquis e abrigos com instrumentos e ossadas de povos pré-históricos. Um dos maiores problemas dos arqueólogos era a destruição destes sítios por caçadores de tesouros, incentivados pelas inúmeras lendas sobre piratas e tesouros escondidos.
A história mais recente, contada pelo povo caiçara fala do passado e da saga de índios, piratas, portugueses, navios com tesouro, pescadores, hippies e até uma empresa multinacional.Esta última, na década de 70 apareceu na Trindade com homens armados para expulsar os moradores, eles alegavam, que a área era de posse da empresa (companhia) e que ali seria construído um condomínio de luxo. Mas, a população reagiu, depois de muitos enfrentamentos contra o poder do dinheiro e das armas, usando da sua capacidade de se organizar lutaram e conseguiram na justiça o direito sobre as terras.Hoje, o resultado dessa união é a Associação dos Moradores Nativos e Originários da Trindade que luta contra os males atuais: a preservação ambiental frente ao turismo em massa.
Praia Brava: quem desce do “Deus-me-livre”, a esquerda está o começo de uma trilha que leva a Praia Brava, que fica escondida dentro da enseada, entre costões rochosos e intensa vegetação. Nesta trilha encontra-se uma bela cachoeira, cujo riacho deságua na praia. Possui ondas violentas por isso e desaconselhável para banho, como também, para praticas esportivas.
Cepilho: pequena praia, com 300 m de extensão, localizada na ponta do cepilho, possui forma de ferradura. É lá que os surfistas se encontram para aproveitar as ondas que chegam à 4m de altura.
Praia dos Ranchos (ou de fora): praia extensa, em curva, onde estão localizados os ranchos de pesca, hoje transformados em barzinhos. Possui areia fofa e clara, banhada por água nervosa e fria, no inverno, calmas e quentes, no verão. De coloração azulada. É a praia da vila de Trindade. Lá estão grande partes dos bares e restaurantes tão procurados pelos turistas. É sempre agitada nos feriados e na alta temporada, concentrando quase toda vida noturna da região.
Praia do Meio: as águas mais calmas e os barzinhos atraem os turistas e deixam a praia sempre agitada. Existe uma formação rochosa no meio da praia, é o lugar para apreciar a vista, ver as ondas estourando e refletir sobre a vida. No seu canto direito existe uma trilha que leva a uma cachoeira e outra a praia e piscina do caixadaço.
Praia do Caixadaço: praia quase deserta cercada por vegetação da Mata Atlântica. Suas águas esverdeadas. É para aqueles que querem fugir da agitação de Trindade. A praia de areia branca e fina está bem preservada e não possui quiosques, bares nem restaurantes. Vale avisar: apesar das águas limpas e agradáveis, o mar pode ter redemoinhos e correntes marinhas escondidas. Procure informar-se com os moradores da região.
Praia dos Pelados: cujo nome verdadeiro é Praia da Figueira. É uma pequena praia de águas calmas onde a prática do nudismo é permitida. Daí o apelido. O acesso é feito pela trilha que leva até as piscinas do Caixadaço.
Piscina do Caixadaço: um dos maiores atrativos naturais da comunidade. Composta de enormes pedras de origem vulcânica represam a água do mar formando uma piscina de águas calmas e cristalinas. Vale a pena levar máscara de mergulho para acompanhar os cardumes de peixinhos coloridos e explorar as paisagens marinhas.

Comunidade do Paraty Mirim


Este vilarejo consegue ser mais histórico que a própria Paraty, num passado distante, Paraty-Mirim foi um importante porto comercial, onde os escravos que iam trabalhar nas lavouras paulistas desembarcavam era também porto de embarque do ouro que vinha das Minas Gerais. Hoje, mantém uma igrejinha, a simpática Capela de Nossa Senhora da Conceição a mais antiga de Paraty e diversas ruínas de casarões das fazendas e prédios históricos, além de canhões que podem ser vistos abandonados na localidade, muitas histórias e uma vista admirável para a Ilha do Algodão e Cotia, onde durante o período colonial, escravos e velhos inúteis eram acorrentados e lançados ao mar.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Comunidade dos Penhas


Acredita-se que a Comunidade da Penha teve início quando o Senhor Edmundo Penha e seus irmãos compraram uma gleba de terra para cultivo, da qual tirava seu sustento e criaram seus filhos e netos, que ainda hoje, grande parte dos que lá residem são da mesma família que acabou dando o sobrenome PENHA, a um dos bairros mais antigos de Paraty.
O Bairro possui uma pequena Igreja sobre uma grande pedra “Igreja de Nossa Senhora da Penha” (1964) padroeira da localidade, onde todo ano realiza-se festa em sua homenagem.
Anterior a construção da Igreja sobre a mesma pedra foi construído um Cruzeiro, (1962) conforme desejo do Senhor Edmundo, sendo concretizado bem depois de sua morte.
Ao lado da Grande pedra foi construído um rancho (1940) pelo Senhor Edmundo para dar pouso aos tropeiros que desciam o Caminho Velho do Ouro, com seus muares carregados de produtos para serem comercializados no Município de Paraty.
Hoje, o grande produto da localidade é o turismo, devido o fluxo intenso de turistas que visitam o Poço do Tarzan e a Cachoeira do Tobogã, conhecida também como escorrega, onde se pratica o surf na pedra, a localidade conta ainda com outras atrações turísticas alambique de Cachaça (Alambique Engenho D”Ouro) que produz e vende Cachaça artesanal e o Restaurante Engenho D”Ouro de comida típica de Paraty em especial a “Galinha ao Molho Pardo” e a casa que resiste ao tempo e transforma artesanalmente a mandioca em farinha, “Casa de Farinha”.

Comunidade Saco do Mamanguá

O Saco do Mamanguá é considerado o único fiorde tropical, porque lembra os famosos canais da Noruega. Rodeado por Mata Atlântica impar no litoral brasileiro. Protegidos pela APA do Cairuçú e Reserva Ecológica da Joatinga, abriga uma fauna riquíssima, inclusive com ecossistemas de mangue. Trata-se de um saco fino e comprido que avança terra à dentro por (08) oito quilômetros e margeada por altas montanhas. Junto ao continente, estão os manguezais que servem de criatório de peixes, aves, camarões, crustáceos e outros pequenos animais. Trata-se de um lugar de rica natureza e ainda bastante primitivo, além de muito bonito. A não existência de energia elétrica torna-se uma comunidade Caiçara muito especial. O nome Mamanguá é de origem indígena e significa “lugar de comer” ou “lugar de almoço” em tupi. A praia do Cruzeiro, no interior do Saco do Mamanguá, é uma espécie de “sede” da comunidade local, onde quase todos são parentes, pescadores e fazedores dos barcos ou barquinhos de todos os tamanhos e estilos, que reproduzem as traineiras, veleiros e canoas e lembra um vilarejo cenográfico. Têm igrejinha na praia, barcos de pesca ancorados. De lá parte uma bonita trilha que leva ao topo do Pão de Açúcar, a principal montanha do mamanguá. A comunidade dedica-se a pesca artesanal, ao turismo e a produção de artesanato em caxeta, em especial as miniaturas de barcos, gamelas, remos, covos e tipitis.
HOJE A ENERGIA ELÉTRICA JÁ CHEGOU NA LOCALIDADE!!!